Mais uma boa proposta de cinema para esta semana, desta vez com a assinatura de David Fincher, um realizador de peso, com títulos como "Seven", "Panic Room", "Fight Club" só para enumerar alguns. Este é um filme um pouco difícil de analisar, visto que trata de algo muito específico e absolutamente inserido no nosso tempo... talvez o maior fenómeno da actualidade, na Internet, o Facebook. De resto, esta análise torna-se também dificil, porque este filme em si, é também complexo não só pelo tema que trata, e repercussões que este acarreta na nossa vida, afinal, de certeza no nosso meio, conhecemos mais gente com perfil no Face do que os que nem sabem o que isso é, mas essencialmente porque este é daqueles filmes que não é dirigido para toda a gente, mas para um público mais maduro e bem formado socialmente. Um jovem adolescente que vá para a sala de cinema, pensar que se trata duma mera historieta sobre como nasceu o Facebook, corre o sério risco de achar o filme uma valente seca! Não, este é um filme inteligente, complexo, dramático e que um explora o grande problema social do nosso tempo, que é o cada vez maior isolamento dos jovens no mundo da Internet, tornando-nos quase "reféns" do mundo virtual. Algo infelizmente, cada vez mais real! Fincher, retrata aqui não apenas a história por detrás da criação do Facebook, e os vários passos no decorrer desse processo, mas retrata também uma poderosa biografia dramática, deixando-nos entrar na mente complexa do jovem por detrás deste fenómeno, Mark Zuckerberg, um jovem dotado duma inteligência fora do vulgar, mas com uma tremenda dificuldade em lidar com o mundo à sua volta. É na exploração da sua personalidade que este filme nos convida a assistir. O filme remonta às origens da criação do Facebook, no campus universitário de Harvard, quase por brincadeira, até este se ter tornado numa empresa multi-bilionária, avaliada em biliões de dólares! Acompanhámos não só o seu criador, mas o mundo à sua volta, os seus amigos, colegas, namorada, parceiros, mas sobretudo inimigos, que Mark vai amealhando à medida que o Facebook crescia como uma praga impossível de parar. O jovem Mark, interpretado de forma magistral por Jesse Eisenberg (visto recentemente em Zombieland), após um pequeno incidente, que entupiu os servidores de rede de toda a Universidade, quase que tropeça nesta ideia de colocar online, a experiência social da vida nas faculdades, como forma de se afirmar perante os outros socialmente, coisa que Mark, nos dá a entender logo no inicio do filme, ter dificuldades em fazer. A Mark, junta-se o seu amigo de longa data, Eduardo Severin (o futuro Peter Parker no próximo filme de Homem-Aranha), que se viria a tornar depois no chefe administrativo do Face, encarregue inicialmente das questões financeiras do projecto. Contudo esta história não tem um final feliz, pois Eduardo vê-se a braços com um processo em tribunal, numa batalha legal pelo seu estatuto no Facebook, e que fazem parte do centro desta história polémica. Como se os problemas com Eduardo não fossem suficientes, Mark tem também que se haver com um outro processo judicial, com os gémeos Winklevoss, que o acusaram de lhes ter roubado a ideia que daria origem ao Facebook, contestando o seu estatuto de criador. Assim, à medida que o Facebook ia crescendo na Internet, o seu criador viu-se a braços com estes processos judiciais, que de certa forma mancharam a criação do projecto e a polémica em torno deste.
A estrutura do filme segue em quase modo de flashbacks, com as imagens dos primeiros passos do Facebook, enquanto no presente, o já bilionário Zuckerberg está num gabinete rodeado de advogados, quase insensível perante o que se passa, a tentar resolver os processos de que é acusado. Desconheço sinceramente, até que ponto a personalidade de Zuckerberg aqui retratada, se parece com a realidade, mas Eisenberg está absolutamente fantástico! É um jovem extremamente inteligente, sedento de fazer quase uma revolução social (será que o não conseguiu?), mas ao mesmo tempo, vemos um jovem inseguro, com uma personalidade irreverente, ingénuo, e facilmente manipulável. A juntar ao elenco, temos um vedeta, o cantor Justin Timberlake, que não é novidade no cinema, mas tem aqui um papel notável, como uma espécie de vilão, interpretando o criador do serviço de música Napster (Sean Parker), e que vê no sucesso do Facebook, e na ingenuidade do seu criador, terreno fértil para fazer valer os seus próprios interesses, algo que mete dó de ver, pois toda a gente se apercebe que Sean está a servir-se do sucesso do Facebook, para digamos, subir na vida, menos o ingénuo Mark, que quase vê no criador do Napster um ídolo. É todo este processo de conflito de interesses e possíveis ilegalidades, que acompanhá-mos num filme intenso, repleto de diálogos inteligentes e questões morais. Visualmente o filme está óptimo, tem cenas quase em plena escuridão, mal iluminadas, dando-lhe um aspecto bem presente nos filmes de David Fincher, mas que tornam o filme mais rico visualmente. Não há aqui efeitos especiais, a acção é inexistente, mas o filme está muito bem filmado e cena após cena, nos sentimos agarrados à história. A banda sonora acompanha também as cenas do filme, fazendo crescer a tensão nos momentos mais fortes, e deixando-nos descontrair, nas diversas festas que o filme retrata. Findas as quase 2horas de filme, acabámos por sentir pena de Zuckerberg, um génio da informática, responsável pela maior rede social da Internet, podre de rico, mas quase sozinho no mundo, sem amigos, ou melhor, com amigos interessados apenas nos seus interesses, usando-o como meio para atingir os fins. A única critica que se pode apontar aqui, é se calhar o talvez excesso de tempo que o filme tem, o que pode aborrecer aqueles mais impacientes... E o filme poderia também ter abordado melhor esta temática toda em torno das redes sociais, e do crescente isolamento que estas provocam a quem as frequenta, esquecendo quase a vida social "real", que é claro bem mais saudável! Mas isso de certa forma, fugia ao tema central deste filme, e portanto ficou de fora. Posto isto, "A Rede Social" é um tipo de filme que pode não agradar a todos, mas tem sem dúvida mais pontos a seu favor do que contra! Leva um 4 de 5!
O melhor: - a história da criação dum verdadeiro fenómeno do nosso tempo; a actualidade do tema que nos toca a todos; a interpretação do actor principal que está brilhante; as questões morais e sociais que levanta e nos faz pensar.
O pior: - quase nada a assinalar, talvez o excesso de tempo, mas que para um filme complexo como este, talvez fosse difícil fazer melhor.
Bom, pelo descrito aqui, sem duvida um grande filme! Não é exactamente o meu ideal de filme (histórico/drama de 2 horas...) mas sem duvida que parece prometer! E nada como um bom filme para sabermos com mais detalhes algumas partes da nossa história, ainda que o filme possa não ser 100% real (que o digam os que ficaram mal na "fotografia" que de certo não acharam piada a como foram retratados e contariam a história de outra forma...).
sim mas ao que parece as cenas retratadas no filme são bem próximas de como as coisas se passaram portanto... e se formos a ver, aqui o mau da fita é considerado do criador do Facebook que tipo traiu o amigo... tanto que foi condenado a pagar uma data de indemenizações pelos tais processos que teve de responder! mas com tanto dinheiro, devem ter sido uns meros trocos para o fulano!
A rede social de amigos... que cria inimigos...
ResponderEliminarMais uma boa proposta de cinema para esta semana, desta vez com a assinatura de David Fincher, um realizador de peso, com títulos como "Seven", "Panic Room", "Fight Club" só para enumerar alguns.
Este é um filme um pouco difícil de analisar, visto que trata de algo muito específico e absolutamente inserido no nosso tempo... talvez o maior fenómeno da actualidade, na Internet, o Facebook. De resto, esta análise torna-se também dificil, porque este filme em si, é também complexo não só pelo tema que trata, e repercussões que este acarreta na nossa vida, afinal, de certeza no nosso meio, conhecemos mais gente com perfil no Face do que os que nem sabem o que isso é, mas essencialmente porque este é daqueles filmes que não é dirigido para toda a gente, mas para um público mais maduro e bem formado socialmente. Um jovem adolescente que vá para a sala de cinema, pensar que se trata duma mera historieta sobre como nasceu o Facebook, corre o sério risco de achar o filme uma valente seca!
Não, este é um filme inteligente, complexo, dramático e que um explora o grande problema social do nosso tempo, que é o cada vez maior isolamento dos jovens no mundo da Internet, tornando-nos quase "reféns" do mundo virtual. Algo infelizmente, cada vez mais real!
Fincher, retrata aqui não apenas a história por detrás da criação do Facebook, e os vários passos no decorrer desse processo, mas retrata também uma poderosa biografia dramática, deixando-nos entrar na mente complexa do jovem por detrás deste fenómeno, Mark Zuckerberg, um jovem dotado duma inteligência fora do vulgar, mas com uma tremenda dificuldade em lidar com o mundo à sua volta. É na exploração da sua personalidade que este filme nos convida a assistir.
O filme remonta às origens da criação do Facebook, no campus universitário de Harvard, quase por brincadeira, até este se ter tornado numa empresa multi-bilionária, avaliada em biliões de dólares! Acompanhámos não só o seu criador, mas o mundo à sua volta, os seus amigos, colegas, namorada, parceiros, mas sobretudo inimigos, que Mark vai amealhando à medida que o Facebook crescia como uma praga impossível de parar.
O jovem Mark, interpretado de forma magistral por Jesse Eisenberg (visto recentemente em Zombieland), após um pequeno incidente, que entupiu os servidores de rede de toda a Universidade, quase que tropeça nesta ideia de colocar online, a experiência social da vida nas faculdades, como forma de se afirmar perante os outros socialmente, coisa que Mark, nos dá a entender logo no inicio do filme, ter dificuldades em fazer. A Mark, junta-se o seu amigo de longa data, Eduardo Severin (o futuro Peter Parker no próximo filme de Homem-Aranha), que se viria a tornar depois no chefe administrativo do Face, encarregue inicialmente das questões financeiras do projecto. Contudo esta história não tem um final feliz, pois Eduardo vê-se a braços com um processo em tribunal, numa batalha legal pelo seu estatuto no Facebook, e que fazem parte do centro desta história polémica. Como se os problemas com Eduardo não fossem suficientes, Mark tem também que se haver com um outro processo judicial, com os gémeos Winklevoss, que o acusaram de lhes ter roubado a ideia que daria origem ao Facebook, contestando o seu estatuto de criador.
Assim, à medida que o Facebook ia crescendo na Internet, o seu criador viu-se a braços com estes processos judiciais, que de certa forma mancharam a criação do projecto e a polémica em torno deste.
A estrutura do filme segue em quase modo de flashbacks, com as imagens dos primeiros passos do Facebook, enquanto no presente, o já bilionário Zuckerberg está num gabinete rodeado de advogados, quase insensível perante o que se passa, a tentar resolver os processos de que é acusado.
ResponderEliminarDesconheço sinceramente, até que ponto a personalidade de Zuckerberg aqui retratada, se parece com a realidade, mas Eisenberg está absolutamente fantástico! É um jovem extremamente inteligente, sedento de fazer quase uma revolução social (será que o não conseguiu?), mas ao mesmo tempo, vemos um jovem inseguro, com uma personalidade irreverente, ingénuo, e facilmente manipulável. A juntar ao elenco, temos um vedeta, o cantor Justin Timberlake, que não é novidade no cinema, mas tem aqui um papel notável, como uma espécie de vilão, interpretando o criador do serviço de música Napster (Sean Parker), e que vê no sucesso do Facebook, e na ingenuidade do seu criador, terreno fértil para fazer valer os seus próprios interesses, algo que mete dó de ver, pois toda a gente se apercebe que Sean está a servir-se do sucesso do Facebook, para digamos, subir na vida, menos o ingénuo Mark, que quase vê no criador do Napster um ídolo.
É todo este processo de conflito de interesses e possíveis ilegalidades, que acompanhá-mos num filme intenso, repleto de diálogos inteligentes e questões morais. Visualmente o filme está óptimo, tem cenas quase em plena escuridão, mal iluminadas, dando-lhe um aspecto bem presente nos filmes de David Fincher, mas que tornam o filme mais rico visualmente. Não há aqui efeitos especiais, a acção é inexistente, mas o filme está muito bem filmado e cena após cena, nos sentimos agarrados à história. A banda sonora acompanha também as cenas do filme, fazendo crescer a tensão nos momentos mais fortes, e deixando-nos descontrair, nas diversas festas que o filme retrata.
Findas as quase 2horas de filme, acabámos por sentir pena de Zuckerberg, um génio da informática, responsável pela maior rede social da Internet, podre de rico, mas quase sozinho no mundo, sem amigos, ou melhor, com amigos interessados apenas nos seus interesses, usando-o como meio para atingir os fins.
A única critica que se pode apontar aqui, é se calhar o talvez excesso de tempo que o filme tem, o que pode aborrecer aqueles mais impacientes... E o filme poderia também ter abordado melhor esta temática toda em torno das redes sociais, e do crescente isolamento que estas provocam a quem as frequenta, esquecendo quase a vida social "real", que é claro bem mais saudável! Mas isso de certa forma, fugia ao tema central deste filme, e portanto ficou de fora.
Posto isto, "A Rede Social" é um tipo de filme que pode não agradar a todos, mas tem sem dúvida mais pontos a seu favor do que contra!
Leva um 4 de 5!
O melhor:
- a história da criação dum verdadeiro fenómeno do nosso tempo; a actualidade do tema que nos toca a todos; a interpretação do actor principal que está brilhante; as questões morais e sociais que levanta e nos faz pensar.
O pior:
- quase nada a assinalar, talvez o excesso de tempo, mas que para um filme complexo como este, talvez fosse difícil fazer melhor.
Bom, pelo descrito aqui, sem duvida um grande filme! Não é exactamente o meu ideal de filme (histórico/drama de 2 horas...) mas sem duvida que parece prometer! E nada como um bom filme para sabermos com mais detalhes algumas partes da nossa história, ainda que o filme possa não ser 100% real (que o digam os que ficaram mal na "fotografia" que de certo não acharam piada a como foram retratados e contariam a história de outra forma...).
ResponderEliminarsim mas ao que parece as cenas retratadas no filme são bem próximas de como as coisas se passaram portanto... e se formos a ver, aqui o mau da fita é considerado do criador do Facebook que tipo traiu o amigo... tanto que foi condenado a pagar uma data de indemenizações pelos tais processos que teve de responder! mas com tanto dinheiro, devem ter sido uns meros trocos para o fulano!
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