Economistas explicam por que razão sair do euro só serviria para agravar os problemas do país. E antecipam a mudança de paradigma
O escudo ainda faz suspirar muitos corações. Mas se os portugueses soubessem o que implicaria o regresso ao passado, seriam menos nostálgicos. Integrar a União Europeia e a moeda única tem um custo de manutenção, porventura alto. Mas sair teria um custo muito maior.
Portugal bateu com a cabeça na parede. E, como um ébrio, tenta reequilibrar-se para chegar a casa sem cair. O problema é que continua aturdido, e sem perceber ainda onde está, sente dificuldade em escolher e trilhar o caminho certo. Daí a necessidade iminente de ajuda.
A imagem de um país ébrio poderá parecer desajustada, mas só um país inebriado com a ausência de sanções para os sucessivos incumprimentos de gestão poderia ter chegado a 2010 sem saber em que condições chegará a 2020.
A produtividade está muito aquém, o endividamento muito além, o desemprego atingiu o valor mais alto de sempre - 6094 mil pessoas, 11% da população. E o orçamento, só este ano, foi rectificado três vezes com pactos de estabilidade e crescimento, dos quais resultaram rudes sentenças para um futuro que começa já daqui a um mês: aumento de impostos, redução de salários, congelamento de pensões, estagnação de investimento público. Tudo em nome de um défice de 4,6%.
Apesar disto, os mercados, indiferentes aos esforços, mantiveram durante largos dias a taxa de juro sobre a dívida soberana nos 7%. E só quinta-feira, depois de uma declaração de Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE), acompanhada da aquisição de títulos de dívida pública portuguesa e irlandesa, os juros começaram a descer. Anteontem, chegaram aos 5,84% - o valor mais baixo dos últimos três meses. Aliviou a pressão, mas não afastou a possibilidade, cada vez mais real, de Portugal ter mesmo de estender a mão ao FMI.
O problema é que poderá já não bastar. Porque é cada vez menos possível prever se a injecção de liquidez nas economias insolventes chegará para evitar uma falência em dominó: Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha, França e agora também Itália têm pouquíssima margem de erro.
Perante isto, em Portugal, há cada vez mais quem suspire pela saída do euro, que o tempo do escudo é que era bom. Era mesmo? Integrar a União Europeia (UE) e a moeda única tem um custo de manutenção, porventura alto. Mas sair teria um custo muito maior. Saiba porquê.
E se um euro não valer 200$
Imagine que a sua poupança passaria a valer apenas metade. Poupou 100 mil euros ao longo da vida, passaria a ter apenas 50 mil. E que, por oposição, as suas dívidas à banca seriam sujeitas a um juro mais alto, logo, passaria a dever muito mais. Esta seria apenas uma das muitas consequências da saída do euro: a moeda seria objecto de desvalorização, um euro deixaria de valer, como até 2002, 200 escudos.
Assim sendo, convergem os economistas ouvidos pelo JN, "se já temos problemas, passaríamos a ter muitos mais." Tanto mais que, quando aderimos à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986, havia estudos e provas sobre uma vida que seria melhor - as economias da França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e Itália primeiro; da Dinamarca, Inglaterra, Irlanda e Grécia depois, eram a demonstração cabal disso. Regressar ao escudo seria um salto no escuro. Com uma única certeza: a de um isolamento que levaria inevitável e rapidamente o país ao empobrecimento.
Se sair do euro não é solução e estar no euro conduziu-nos a uma crise que poderá redundar na tragédia de muitos portugueses, impõe-se perguntar o que correu mal. Recorde-se que para aderir ao euro não bastava querer, era necessário respeitar os critérios de convergência exigidos em termos de finanças públicas: estabilidade de preços, posição orçamental, estabilidade cambial e taxas de juro a longo prazo. A gestão pública portuguesa descarrilou após a adesão ou Portugal nunca esteve realmente em condições de aderir? E aqui, as opiniões divergem.
"Não há soluções sem dor"
Sair do euro, insiste João Loureiro, está de fora de questão. Se isso acontecesse, enuncia para que não restem dúvidas, "uma série de agentes económicos entrariam em colapso, deixaríamos de ter acesso a muitas importações, perderíamos competitividade, a inflação disparava, os empréstimos seriam incomportáveis, a Bolsa sofreria um tombo. Em suma, o resto do Mundo deixaria de confiar em nós e nós deixaríamos de contar para o resto do Mundo." Só há, defende, dois caminhos para a saída: aumentar os impostos ou reduzir a despesa. O professor joga tudo nesta última hipótese. E garante que numa legislatura é possível fazer muita coisa. Mas adverte: "Não há soluções sem dor. Para reduzir o défice, alguém terá de ser penalizado: ou quem vai pagar mais ou quem vai beneficiar menos". E para uma resolução de médio, longo prazo, volta a apostar tudo na última possibilidade.
Artigo "jn" completo
E se um euro não valer 200$
Imagine que a sua poupança passaria a valer apenas metade. Poupou 100 mil euros ao longo da vida, passaria a ter apenas 50 mil. E que, por oposição, as suas dívidas à banca seriam sujeitas a um juro mais alto, logo, passaria a dever muito mais. Esta seria apenas uma das muitas consequências da saída do euro: a moeda seria objecto de desvalorização, um euro deixaria de valer, como até 2002, 200 escudos.
Assim sendo, convergem os economistas ouvidos pelo JN, "se já temos problemas, passaríamos a ter muitos mais." Tanto mais que, quando aderimos à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986, havia estudos e provas sobre uma vida que seria melhor - as economias da França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e Itália primeiro; da Dinamarca, Inglaterra, Irlanda e Grécia depois, eram a demonstração cabal disso. Regressar ao escudo seria um salto no escuro. Com uma única certeza: a de um isolamento que levaria inevitável e rapidamente o país ao empobrecimento.
Se sair do euro não é solução e estar no euro conduziu-nos a uma crise que poderá redundar na tragédia de muitos portugueses, impõe-se perguntar o que correu mal. Recorde-se que para aderir ao euro não bastava querer, era necessário respeitar os critérios de convergência exigidos em termos de finanças públicas: estabilidade de preços, posição orçamental, estabilidade cambial e taxas de juro a longo prazo. A gestão pública portuguesa descarrilou após a adesão ou Portugal nunca esteve realmente em condições de aderir? E aqui, as opiniões divergem.
"Não há soluções sem dor"
Sair do euro, insiste João Loureiro, está de fora de questão. Se isso acontecesse, enuncia para que não restem dúvidas, "uma série de agentes económicos entrariam em colapso, deixaríamos de ter acesso a muitas importações, perderíamos competitividade, a inflação disparava, os empréstimos seriam incomportáveis, a Bolsa sofreria um tombo. Em suma, o resto do Mundo deixaria de confiar em nós e nós deixaríamos de contar para o resto do Mundo." Só há, defende, dois caminhos para a saída: aumentar os impostos ou reduzir a despesa. O professor joga tudo nesta última hipótese. E garante que numa legislatura é possível fazer muita coisa. Mas adverte: "Não há soluções sem dor. Para reduzir o défice, alguém terá de ser penalizado: ou quem vai pagar mais ou quem vai beneficiar menos". E para uma resolução de médio, longo prazo, volta a apostar tudo na última possibilidade.
Artigo "jn" completo
bem um artigo deveras interessante e absolutamente certo em cada palavra! apesar daquele número estar incorrecto, 6094mil pessoas? há ai um dígito a mais! mas realmente o futuro é incerto e assustador! é de espantar como foi possível deixar o país afundar como afundou! e agora todos pagámos a factura (ainda mais) porque o governo não tomou medidas atempadamente, e à bom portuga, só nas últimas percebeu a gravidade da situação e apressou-se a "fo******" a vida a todos! vamos ver se é suficiente... se o FMI for obrigado a intervir? mais uma machadada no pé e prova da incompetência dos nossos políticos!
ResponderEliminarBem, peço desculpa, mas o artigo que queria colocar não esta completo... Falta, como é obvio pelo titulo do texto, o porque de não podermos voltar à nossa antiga moeda...
ResponderEliminarSobre o artigo, é um frase já "gasta" por muita gente... Do tempo do Escudo é que era! E o que se devia de fazer era voltar para esse tempo... E isto que coloquei é uma prova por economistas que esses tempos já vão, e que temos isso sim, de lutarmos pelo que temos, pelo que podemos ter... a situação esta mal, claro que esta, mas temos de melhorar, e não procurar soluções milagrosas... Uma coisa é certa, neste momento, voltar ao Euro, Impossivel!
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