A bloguista lésbica de Damasco afinal era um homem americano
No entanto, o autor do blogue "Uma rapariga gay em Damasco" diz que factos são reais
A "ela" é, afinal, um "ele". Amina Abdullah Araf, a lésbica síria que se tornou conhecida em todo o mundo através do seu blog, aparentemente escrito em Damasco, é, afinal, Tom MacMaster, um estudante norte-americano a residir na Escócia.
Um post feito ontem, assinado por MacMaster, pede desculpa aos leitores por ter desviado "a atenção mundial de assuntos importantes de pessoas reais em lugares reais" com aquilo a que o estudante descreve como "uma breve experiência de psicologia nerd". O texto termina com a explicação: "Ela sou eu, ela nunca existiu."
MacMaster acrescenta que a decisão de revelar o segredo se deve à sua vontade de desviar a atenção de si e "apelar a todos para se voltarem para os assuntos reais, os heróis reais, as pessoas reais que tentam trazer a liberdade ao mundo Árabe".
Confessando nunca ter esperado atrair "este nível de atenção" com o seu embuste, MacMaster ressalva que, "apesar da voz narrativa ser ficcional, os factos neste blogue são verdadeiros e não fogem à situação no terreno".
Tom MacMaster tem 40 anos, é heterossexual, casado e está a fazer um mestrado na Universidade de Edimburgo. Segundo o jornal britânico "The Guardian", trata-se de um activista das causas árabes. As fotografias no blogue, identificadas como sendo da jovem sírio-americana de 35 anos são, alegadamente, de uma rapariga londrina, Jelena Lecic, segundo a Sky News. "Tinha uma ideia de como a personagem se parecia e, um dia, vi a Jelena e pensei "é esta a cara". Achei que ninguém ia dar por isso".
MacMaster acredita que não magoou ninguém, opinião que não é partilhada pelo editor do site GayMiddleEast.com em Damasco, que, sob o pseudónimo Sami Hamwi, escreveu na página: "Ao senhor MacMaster só posso dizer que tenha vergonha!!! (...) Lidamos com tantas dificuldades que nem pode imaginar. O que fez magoou muita gente, colocou-nos a todos em perigo e fez-nos preocupar acerca do nosso activismo LGBT [lésbico, gay, bissexual e transexual]".
MacMaster inventou que a "activista lésbica" tinha sido detida na semana passada por três homens armados, na capital síria, quando se preparava para uma reunião com os coordenadores dos protestos contra o regime de Bashar al-Assad. A notícia do rapto foi dada por uma prima de Amina, também ela fictícia, mas antes que MacMaster conseguisse desfazer a história, já a embaixada dos Estados Unidos tinha encetado esforços para encontrar a jovem.
Os internautas lançaram o alerta e tentaram pelos seus próprios meios encontrar Amina. Pouco depois do rapto foi criada uma página no Facebook, chamada "Free Amina Abdalla/ Syrian Blogger" (libertem a Amina Abdallah/Blogger síria), que ontem contava com quase 14 mil apoiantes. O tom das mensagens, depois da revelação da verdadeira autoria do blogue, dividia-se entre a raiva por parte daqueles que apoiavam a causa da falsa Amina contra Tom MacMaster e a continuação do apoio à causa LGBT nos países árabes.
Alguns seguidores do "Uma rapariga gay em Damasco" reagiram também nas redes sociais, como Mona Kareem que, no Twitter, divulgou que "não sei o que é a Amina, mas sinto-me mal pela sua identidade controversa poder ser usada contra a confiança nos bloguistas árabes". Uma franco-canadiana terá trocado centenas de e-mails com Amina, e acreditava que tinham um relacionamento à distância.
MacMaster afirmou à Sky News que poderá vir a transformar a história de Amina num livro. "Não vou continuar a escrever no blogue em nome de ninguém. Poderei, sim, trabalhar num romance usando esta personagem".
bem este caso aqui é ligeiramente diferente do outro e bem mais grave e só mostra como não podemos ser imparciais com o que dizemos e escrevemos na Internet, ainda para mais com as ferramentas que temos hoje à disposição e que nos põe interligados com todo o mundo num mero clique... E claro, inventar histórias usando para isso pessoas reiais, criando problemas nas suas vidas em virtude disso, e inventar algo tão grave como um rapto que obriga à tomada de acções das autoridades e afinal é tudo falso, tem graves consequências e como tal este gajo devia era ser no mínimo julgado e multado!
ResponderEliminarConcordo que é grave o caso, mas engraçado o facto de realmente ele não enganou completamente pois ele bem dizia que gostava de mulheres! ah ah ah. Mas aqui esta o grande problema da net, apenas vemos nicks, "nomes" que como se vê neste caso, até pode nem ser o próprio e sendo assim, falsos! Muito cuidado!
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